segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Trombadas

Felicidade é coisa esquisita. Ficamos atrás dela, feito loucos. Trabalhamos, estudamos. Beijamos, amamos. Conhecemos, vivemos. Treinamos para isso.
Quando ela chega, parece que todo o tal treinamento desaparece. Ficamos meio bobos. Nos tornamos inocentes, bem diferente da capacidade que possuíamos quando lutávamos para senti-la.
Nos desarmamos. Ficamos vulneráveis. A proteção adormece.
Mas à espreita, estão os outros. Sempre prontos para um deslize, uma distração.
Até que finalmente, atingem. Pego de surpresa, você cai. Não sabe mais reagir a rasteiras, parece.
E leva a trombada. Com o susto, você consegue desviar a direção para o lado, para não machucar tanto. Ameniza, mas bate assim mesmo.
O outro pára, quer ajudar. Não pergunta se machucou. Apenas diz que está ali e vai arcar com as conseqüências.
A batida não é forte, a gente reconhece. Mas dói porque é prova de que você esta distraído. Desatento. Disso você se transforma em frágil. Não acredita, parece maior do que foi.
Desanima, cai. Cai de decepção. A confiança acabou.
Mas passa. Ah, a vida e os 'mas'.
Passa e você olha o 'amassado' e se dá conta: 'vou superar'. É só funilaria mesmo, oras. Apenas uma batida a mais, daquelas para te tirar do caminho que você vem traçando com prazer. Prazer. Ô palavra que não pode nos escapar. Sem ela, a vida fica rara, se esvai. O outro se abre à inveja, deixa de acreditar e passa a mirar somente o que não é dele.
Trombadas são para isso: mexe com nossos pensamentos, nos incomoda. Nos sacode e nos impulsiona.
E para cima.
Estou de volta.

3 comentários:

Anônimo disse...

BOM-DIA, CRIS!

É, pelo jeito a batida foi forte.Mas discordo quanto à necessidade de mais atenção. O tempo todo, a vida inteira em estado de alerta? Não tem graça.Importante é ter força pra levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima(cantando, se for possível).Parece que você tem...
beijo
May

Cristiane Rogerio disse...

May, você está muito certa!
Se não formos tomados pelo inesperado, como é que nos chegará a poesia, não?

Beijos! Obrigada!
Cris

Nanete Neves disse...

Interessante essa sua divagação sobre as trombadas. Uma vez escutei de um mestre em bem viver que a vida te pára - de uma forma ou de outra - quando você está precisando parar e refletir. No seu caso, dessa reflexão veio, no mínimo, um texto bacana!