segunda-feira, 30 de março de 2009

Amarelo praia

Tem uma luz de fim de tarde de praia que tem um amarelo só dele.
Ele cai como não quer nada e atinge todo o mundo.
O senhor de xorte vermelho, a menina do biquini que combina com a saída, o rapaz correndo na pista, o menino da bicicleta nova, o cachorro que late sozinho para coisa alguma.
Esse amarelo adora combinar com azul. Principalmente se for aquele azul que mescla com o vermelho e fica lá longe, brincando de pôr linha reta no mar.
E reflete nos retrovisores, nas janelas, riscam as árvores, encontram a areia.
E a gente senta e curte. Beleza é para olhar.

domingo, 22 de março de 2009

Cada segundo vale



A tarde na Ilha do Marajó o tempo para ver a corrida, para o banho, para o riso sem motivo. Cliquei o tempo valendo cada segundo.

sábado, 21 de março de 2009

Andar na linha

Vem lá da infância esta expressão: andar na linha. Fui das meninas do tipo certinha. Estudava e adorava fazer provas, não colava, não descia do ônibus por trás – sou do tempo que o passageiro andava na mesma direção do ônibus, pra frente -, roubava romãs da casa da vizinha mas logo contava para a minha mãe, arrependida. Mas era coisa minha.
Adoro particularmente duas lembranças de infância. Uma era que, seja qual fosse o caminho que eu estivesse andando com a minha mãe, eu precisava me equilibrar em algo. Subia em todas as muretas das casas e tentava – quando a rua era calma, claro – percorrer as guias das calçadas: colocava um pé, depois o outro, quase caía, minha mãe me pegava pelas mãos. E íamos assim, conversando após à escola.
Outra era com meu cunhado. Rodávamos todo o Parque da Aclimação contornando o lago – aquele mesmo que foi sugado há algumas semanas. A gente ia se equilibrando. Dos meus olhos de criança, eu achava estar vivendo um grande perigo. Um perigo gostoso. Daqueles de criança.
Era sempre em busca do equilíbrio. Mas sempre uma andar na linha.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ah... as folhas


New Jersey, casa da minha amiga querida... março 2007

Em pouco será outono

Aguardo em sorriso a chegada da estação em que as folhas caem. A beleza delas voando nos ventos de céu aberto, luz do sol refletida nos prédios, um cheiro de ar mais puro, uma paz de dias melhores.
Adoro esse tempo de outono. Tem cara de querer sentar no banco do parque, ler um livro com aquela brisa fria levando os cabelos para trás. Tem som de criança correndo, de barulho de aro de bicicleta. Tem um azul só dele.
E as folhas caem dançando, rodopiam em coreografia, atingem os carros, você.
Como no milagre de Clarice Lispector.

domingo, 8 de março de 2009

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cheiros de ontem

Casa tem cheiro de quintal molhado, madeira forte, plantas do vizinho. Tem som de muitas portas, de bem-te-vi que mora mais longe, de alguém chamando do fundo.
Voltei para uma casa em que morei antes. É incrível. É o mesmo lugar e é outro. São outras histórias, todos os dias. Outra companhia, mesma sensação de lar. Alguns objetos voltaram, mas ganharam outros locais. O que eles devem estar pensando disso tudo?