segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Dia Em que Conheci o Arnesto

Nem parecia verdade. Ele ali, caminhando com dificuldade e firmeza, com o peso e a certeza de que faz parte da música popular brasileira.
Quando o seu nome foi anunciado, quem acreditava na surpresa? Era o Arnesto, o amigo do Adoniran, aquele que deu o bolo na turma de amigos. Ele foi até lá, em seu passo manso, a blusa azul, os cabelos em neve, e o humor a toda: explicou que tudo não passou de uma brincadeira do amigo compositor. Arnesto Ernesto sempre esteve lá, esperando os amigos. E continua até hoje, faz de conta que ainda conversa com Adoniran, agradece a simpatia dos Demônios da Garoa, que não deixam de musicá-lo, a cada encontro.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Manoel palavra-nos

Manoel de Barros me inspira. Nenhuma novidade.
Não só pelas palavras e palavra-nos e pelas não-palavras. Mas pela liberdade. Manoel é livre. As palavras são apropriadas por ele, e devolvidas a elas. Ele dança. Em volve. Envolve. Joga. Pega de volta. É tudo dele, no fundo. Também nosso. Delas. Das palavras.

Este é dedicado ao Marcelo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Escrevo 24 horas

Por que reduzimos o ato de escrever à escrita em si?
Eu, por exemplo, escrevo enquanto dirijo. Muito mesmo. Os textos vão se colocando, palavra a palavra, frase a frase. Cortam-se, colam-se. Sobem e descem. Tanto que eu gostaria que a direção se transformasse em um teclado. Ou um caderno. Já pensei em ter daqueles bloquinhos que grudam no vidro.
Mas aí só conseguiria algumas palavras por semáforo.
Pensei em um gravador.
Eu já falo tanto sozinha, seria ainda mais produtivo. Escrevo 24 horas por dia.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O homem moderno, o homem de Mia Couto

Ao ler, ouvir, saborear, sentir e experimentar Um Homem da Rua de Mia Couto, a inspiração tocada em mim tinha tantas palavras que uma só me pegou no caminho de volta a mim: compaixão.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Por que eu escrevo?

E no meio da aula do curso sobre escrever vem a pergunta deste título.
E no meio da aula do curso sobre escrever vem a pergunta e a lembrança de um post neste blog, um post antigo.
Exatamente quando eu perguntava a mesma pergunta. Na verdade, eu me perguntava: "por que escrever"
E escrevi:
"Engraçado que fiz este blog porque o que eu escrevia já não estava mais cabendo em mim. Queria espalhar para o mundo. Mundo.Mas aí me pego esquecendo dele. Meu último post tem 10 dias. Eles vão se distanciando, como a voz do professor na aula chata, quando a gente já está pegando no sono de tédio.E por que será que isso acontece? Por que escrever tem tantas escritas?Escrevo todos os dias quase o dia todo. Mas são funções a cumprir, mensagens diretas. Tem também os emails pessoais, as conversas de MSN, os recados no Orkut.Mas sempre tem alguém que me pergunta "e aí, cris, você tem escrito?". Mas esta é uma outra escrita. A que não tem função.A que você emociona sem saber, se revela querendo esconder.É aquela que te solta a angústia, explode a felicidade, te arranca um sorriso, uma dor.E é uma delícia, mesmo que só de vez em quando.É livre.É por isso que escrevo."

Foi no ano passado.

E escrevo para me libertar de escrever.