segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

De Natal em Natal...

O Natal na minha infância era a alegria da minha mãe. Ela acordava cedo, preparava tudo para ceia, contava com a ajuda da minha irmã e o meu bisbilhotar constante, querendo sempre saber, mexer, ver, sentir, experimentar. Isto me dava a impressão de que a noite começava sempre já ao amanhecer.
Houve alguns em que adversidades deixaram entrar tristezas. Penso nestas noites sempre com muitas dúvidas. Não hoje. Mas dúvidas daquele instante. "O que acontece aí no mundo dos adultos de tão complicado?", talvez eu pensasse.
Depois que ela morreu, deixamos a vida nos levar para natais muito diferentes, em outros cenários. Até que - não sei exatamente como - decidimos que ficarmos juntos de novo era a melhor pedida. E continua sendo.
A gente se reúne, brinda, ri. Come, saboreia, elogia-se, bebe e comemora. Não sei se o nascimento de Jesus, na verdade. A gente comemora estar junto. É como se fosse um domingo mais especial que os outros. Ficamos felizes porque temos muito prazer de ficar junto. Celebrando a vida.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Livre para viver

Um prezava a liberdade mais do que tudo. Não queria se comprometer com mulher alguma, não queria planejar natais nem revéillons, nem sequer dava um "sim" adiantado para qualquer convite de aniversário.
Tão livre ele queria se sentir que passou a vida preso. Preso a conceitos e padrões. Preso a parâmetros de comportamento. Ele fazia tudo sempre igual: começava do mesmo jeito, terminava do mesmo jeito. Vivia sempre o amanhã, quando finalmente ele iria poder ser livre e fazer o que bem entendesse. Nunca viveu de verdade.
Outro era livre. Livre para fazer o que queria, na hora que bem entendesse. Adorava estar na companhia das pessoas que ama. Adorava planejar estar com elas ou fazer coisas sensacionais. Mas não se prendia aos quereres: se os planos mudassem, não seria problema. Afinal, ele era livre para viver o hoje, claro. Mas para experimentar o depois também. Livremente.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Primeira aula Carlos Moreira...

Primeiro, uma surpresa. O lugar, o cheiro, a textura.
Depois, um aconchego. As almofadas, a manta, a blusa de lã.
Aí os olhos claros com a clareza de quem viveu experiências. Era informação, sabedoria e competência.
Veio a sensação estranha de já ter visto tudo aquilo. Imaginei que tudo que vira até ali era uma espécie de farsa: aquilo sim era de verdade.
A referência de Gruyaert foi como um convite. Senti-me à vontade. Eu já tinha visto aquelas cores, afinal.
Quase vi meu lugar naquela história. Uma sensação de ter ido lá sempre.
Desconhecidos junto a companheirismo e a alegria de amigos, amigos do tipo que se juntam por amor pelo compartilhar.
No todo, uma doçura. Dicas de mestre, calma de quem realmente sabe o que diz e que nos dá a impressão de controlar o tempo.
No detalhe, um esculpir de palavras em que tudo faz sentido.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

"Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera."
Campbell

então...