quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Minha paisagem


Desta janela eu vi Ouro Preto.
Mas vi mais.
Deburaçada nela vi o cheiro do telhado molhado de chuva.
Senti o perfume do amor tocar meu rosto, em forma de vento, fazendo vez de nuvem.
Foram alguns dos tantos minutos naquela janela.
Mas a foto me trouxe ela para sempre.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre despedidas

Venho me despedindo em pedaços.
Mas não aos pedaços.
Vou mudar de cenário. Minhas histórias serão contadas em outro lugar. Vou respirar outros perfumes, ver outros cheiros. Os passarinhos serão de outras árvores, os sons virão de novos lugares.
Vou rir de outros prazeres. Lamentar outras dúvidas e decisões.
Já fiz isso outras vezes. Agora tenho companhia. A casa não será apenas minha. A porta vai abrir sem que apenas eu vire a chave. Outros gostos estarão espalhados pela casa. Vou compartilhar vivências, vou viver de outras coincidências.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Ativadores de lembranças

Adoro curtir os momentos que hoje chamo de Ratatouille. Quem assistiu a esta maravilha da parceria Disney Pixar, vai entender sobre o que estou falando. É quando um cheiro, um sabor, uma música, um pedaço de cena provoca uma lembrança forte e um prazer.
Cada vez que entrou na Starbucks, vou imediatamente aos meus minutos preciosos em Nova York e, não são apenas as maravilhas da cidade que me vêm à minha mente. O sentimento de liberdade vem junto e tudo o que significou a viagem para mim. Tudo que me aconteceu por dentro, tudo que mudou.
A música é um dos meios mais fortes de provocar isso em mim. Acontece o tempo todo. Outro dia foi com Elton John, com a canção Guess That's Why They Call It The Blues. Sempre soube que ela me lembrava a adolescência, quando eu adorava chorar por mil paixões ao mesmo tempo.

Mas neste dia, eu estava dirigindo e a ouvi no rádio. E fui levada imediatamente à cena de um bailinho, aos 11 anos, à espera de ser convidada para dançar. Foi forte e rápido.
E quem diz que a gente não pode viajar no tempo se fazemos isso o tempo todo?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Está lá fora

Na minha cozinha há um vitrô que, mesmo um pouco estreito, permite que eu olhe por ele. Como dá para as costas do meu prédio, consigo ver pouco mais do que uma fileira de telhados, alguns prédios, varais.
Vez ou outra, tenho a sorte de ver passarinhos.
Aconteceu ontem. Um bem-te-vi foi enfeitar as antenas de TV.
Muitas pessoas reclamam que em São Paulo não vemos mais nada além de prédios e de tons de cinzas.
Mas será mesmo que elas olham pela janela?