sábado, 21 de março de 2009

Andar na linha

Vem lá da infância esta expressão: andar na linha. Fui das meninas do tipo certinha. Estudava e adorava fazer provas, não colava, não descia do ônibus por trás – sou do tempo que o passageiro andava na mesma direção do ônibus, pra frente -, roubava romãs da casa da vizinha mas logo contava para a minha mãe, arrependida. Mas era coisa minha.
Adoro particularmente duas lembranças de infância. Uma era que, seja qual fosse o caminho que eu estivesse andando com a minha mãe, eu precisava me equilibrar em algo. Subia em todas as muretas das casas e tentava – quando a rua era calma, claro – percorrer as guias das calçadas: colocava um pé, depois o outro, quase caía, minha mãe me pegava pelas mãos. E íamos assim, conversando após à escola.
Outra era com meu cunhado. Rodávamos todo o Parque da Aclimação contornando o lago – aquele mesmo que foi sugado há algumas semanas. A gente ia se equilibrando. Dos meus olhos de criança, eu achava estar vivendo um grande perigo. Um perigo gostoso. Daqueles de criança.
Era sempre em busca do equilíbrio. Mas sempre uma andar na linha.

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