domingo, 18 de maio de 2008

O sabiá do meio

Pousou na grama e não reconheceu. Foi o que pensei quando o vi ali parado, entre um trânsito e outro. Ele acha que ali é o Parque do Ibirapuera. Pousou por engano.
Fitou os carros, os pedestres. Viu algo parecido diversas vezes. 
Mas ali não era o seu lugar. Calculara mal o trajeto?
O sabiá ali, laranja por baixo, olhos atentos ao movimento.
Eu parei de ouvir e olhei. Encontrei seu canto. O canto de todos os meus dias. O canto que me acompanhava no caminho da escola, no acordar da minha mãe. O canto que está à minha espera no trabalho. O canto que se mistura aos outros no parque. Mistura-se mas não vira um só. Cada um tem o seu. 
Quantos cantos e vôos nós interrompemos de tanto barulho?

4 comentários:

Sady Folch disse...

Cris, fico com esse texto em mim...voltarei para comentar.
Um beijo
Sady

Eduardo disse...

Houe um emo em que dormia num cubículo aconchegante o lado do qual havia árvores em que pululavam saguis e um sabiá vinha me acordar com seu canto. Hoje vivo num Ap de 2 quartos ao lado de uma estrada mo movimentada e ruidosa e tendo ao fundo um clube de futebo society ativo às vezes até a uma hora da madrugada.
Bom, né?

Sady Folch disse...

Cris, tem uma musica do cancioneiro popular que diz mais ou menos assim...
Sabiá voou pela janela, e fez um buraquinho, voou, voou, voou, voou..a menina que gostava tanto do bichinho, chorou, chorou, chorou, chorou...
Sabiá subiu no terreiro, foi parar no abacateiro, e a menina pôs-se a chorar, vem cá sabiá, vem cá...

Lindo como os tempos de criança
Sady

Nanete Neves disse...

Com esse texto doce e reflexivo, Cris, você me trouxe imagens novas e antigas... e me fez pensar porque fazemos, às vezes, tanto barulho por nada...

beijão, querida