domingo, 7 de dezembro de 2008

Pela janela de trás

Quando eu era criança, era proibido abrir a janela de trás dos poucos carros quatro portas que em que eu circulava. Era perigoso. Mas era uma chance deliciosa e então eu apenas sonhava com ela.
Adoro janela. Ver as pessoas nas ruas, imaginar seus destinos, suas histórias. Por isso sempre preferi ônibus a metrô. O metrô não me deixa ver histórias.
Agora existe um recurso. Os vidros de trás dos quatro portas abrem somente até uma determinada altura. É proibida a olhada de uma criança mais do que aquilo.
Mas esta semana vi uma resistente.
Ela tinha uns quatro anos e estava lá, diante de sua limitação de janela.
Mesmo à noite, mesmo perigoso, mesmo com a violência, mesmo com aquele vento gelado, ela estava lá, de ponta de nariz na janela.
O vento vinha forte, ela fechava os olhos. Mas só por milésimos de segundos. Suas piscadelas não podiam impedi-la de ver as histórias.
Os pais, nos bancos da frente, também tinha suas janelas abertas. Mas estavam mais envolvidos com suas próprias histórias.
A menina queria mais. E viu.

4 comentários:

Petê Rissatti disse...

Eu também adoro uma janelinha. A criança, em sua curiosidade mirabolante, sempre vai buscar o olhar, o enxergar de longe. Isso é lindo, mais do que lindo.

Beijinhos

Laura Fuentes disse...

Nossa, Cris, você me fez voltar no tempo e lembrar que da janela do carro,eu pequeninha e com o vento batendo gostoso na cara, eu literalmente viajava vendo imagens nas nuvens. Me fez um bem incrível ler isto, acredite.

Ursulla Mackenzie disse...

Prabéns Cris!!!Muito bom!!!Aproveito para te convidar para um Meme!!!Bjs!!!

http://floraletras.blogspot.com/2008/12/meme-dos-8-desejos-e-8-amigos.html

Vladimir Golombek disse...

Lindíssimo esta descrição, no meu escritório o que mais tem é janelas, quase 360o, as historias são do mato, mas eu me sinto num disco voador