domingo, 29 de julho de 2007

Foi nas músicas da vida

Há alguns dias fiz aniversário. Mais do que em final de ano, aniversário para mim é momento de repensar a vida. Mas nada forçado. Acontece. É aquela coisa do ciclo, do rever. Perto da data, assisti a um show do Zé Renato, um cantor que adoro há muitos anos. Muitos mesmo como pude confirmar com ele. Ele contou que tem 31 anos de carreira. Se eu completei 33, escuto-o desde os dois? Talvez. Isso porque o primeiro disco do Boca Livre era um dos que rolavam em casa. Provavelmente um pouco mais velha, eu ficava transformando em imagens concretas o coração vazio voando vadio feito uma pipa no ar. Eu as tenho em mente até hoje. E eu ficava ali, olhando para ele, naquela paixão de fã, voltando ao meu passado, voltando à música que sempre foi minha vida. Tinha Chico Buarque, Beatles, Deep Purple e Zé Kéti convivendo tão bem que pareciam de uma mesma turma. Esta era a minha turma. Uma turma que nascia do som pós agulha. A lembrança é tão forte que eu não me recordo de minha evolução motora empilhando brinquedos, lembro, sim, quando consegui colocar precisamente a agulha no disco, no início da música. Que sensação. Que progresso. Eu ganhava a importância da música que tinha na minha casa.
Com isso, ganhei outros aprendizados. Já contei em outro blog que minha mãe não fechava as portas para nada. Deixou entrar os já citados acima, deixou entrar Menudo, Titãs, Sting, U2, foi comigo comprar o segundo disco da Legião Urbana. E ela adorava cantar. Amante dos musicais do cinema, reproduzia tudo com afinação e beleza, talvez entendendo bem pouco do inglês de seus ídolos. E falava de música até na hora de me convencer a comer cebola: “cebola faz bem para a voz. Não ta vendo como eu canto?”. E caía na risada em seguida. E, sim, ela cantava o dia todo.
E é por isso que em shows como estes eu me encontro. Volto para casa. Sem nostalgia. Vejo a que vim. Entro nos acordes, saio de mim, e sempre volto. E tenho vontade de viver a vida. Assim, como música.

Um comentário:

Unknown disse...

Delícia seu blog, delícia seus textos poéticos. E que boa essa sua infância, amiga. Quisera eu ter tido o prazer de conhecer a responsável por grande parte do que vc é hoje: sua mama.