terça-feira, 24 de julho de 2007

Cenas da Vida

Estou no ponto de ônibus em frente a um grande colégio paulistano e uma mulher, aparentando 35 anos, bem vestida, provavelmente voltando do trabalho para casa, deixa cair uma moeda de 10 centavos no meio-fio. Não dá a mínima, olha e decide que não vale a pena se abaixar para pegar o dinheiro.
Passa alguns minutos, ela já tinha tomado seu ônibus, e pára uma outra mulher com um garoto de 7 ou 8 anos. Ambos com aparência mais simples do que a mulher que deixou a moeda cair. Ele vê a moeda e fica afoito para pegá-la e consegue. O dia dele mudou.


Estou na rua Diogo de Faria, esquina com Coronel Lisboa e há pessoas dos dois lados da Diogo, esperando o farol fechar para atravessar. Do lado de cá, vejo uma menina vestida com roupa de ballet, de mãos dadas com a mãe. Levo meu olhar para o outro lado da rua e vejo uma menina, não de rua, mas bem pobre, olhando atentamente para a menininha futura bailarina. O que será que a menina estava pensando? O quanto ela não queria estar ali, de mãos dadas com a mãe, voltando da aula de ballet?

Posso fotografar a cidade nas cenas das minhas viagens diárias por São Paulo. Eu estava em uma dessas ruas de casas grandes e luxuosas, quando me chamou a atenção uma família que vinha carregando uma carroça muito, mas muito cheia de material para reciclar. Tão cheia, que acabou batendo um dos "braços" na parte lateral de uma caminhonete, não lembro a marca, mas dessas grandes e lindas. Não deu outra: o dono do carro, falando no celular, desceu da caminhonete e começou a berrar com todos eles, que nem respondiam, porque, acho eu, nem podiam entender o tamanho da encrenca. Se um dia alguém me pedisse para imaginar uma foto da desigualdade social, essa seria perfeita.

Um comentário:

Marcelo Cunha Bueno disse...

Cris,
Sem comentários... suas palavras têm imagens nas letras... Você escreve leve, bem, doce...
B-e-I-j-O...