segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Para ver e ser Valente


Como praticamente nunca aconteceu, assisti com meses de atraso ao mais recente filme da Pixar pela Disney. Isto, claro, por causa de meus outros interesses, ocupações e tudo o mais de bom com a chegada da minha primeira filha. E não apenas pelo meu trabalho na revista Crescer, mas por vontade minha mesmo sempre aguardo ansiosa algo que venha da turma de John Lasseter. Assim, Valente (Brave) chegou em meu repertório há alguns dias e adorei.

Havia muita expectativa com o filme tanto pela tecnologia empregada, quanto pelo conteúdo ser focado em convívios de humanos – sem animais ou brinquedos ou monstros falantes – e na história de uma heroína destemível. Uma mulher. E eu estava, claro, nesta expectativa junto e li pouco sobre o filme antes de vê-lo, para o impacto não perder a força. E foi ótimo. Me envolvi nos cabelos ruivos e cacheados de Merida – que são um caso à parte tamanha veracidade foram colocados em cada fio – e também adorei a forma que eles conduziram a narrativa e, principalmente, a maneira de mexer com uma relação tão cheia de tabus como os sentimentos que uma criança tem pela mãe. As histórias de hoje e de antigamente nos mostram conflitos de filhos e pais e achei incrível como eles conseguiram concretizar essa vontade do filho/filha querer que a mãe desapareça, mude, cale a boca de uma vez, sem perder a proteção que precisa sentir. Ou seja: adorei a representação da mãe “rejeitada” se tornar um urso. Um urso que não fala (assim não preciso mais ouvir sermões), desastrado com o seu corpão (assim vejo que não somente eu posso errar e se atrapalhar), mas que não deixa de me proteger, de estar presente com toda a sua força (e assim eu posso continuar me sentindo segura).

Achei Valente de uma delicadeza sem fim porque conseguiram inspirar uma reflexão de forma direta, sem fru fru algum (mesmo porque, Merida não é e nem quer ser uma garota “fofinha”) e exibindo as duas partes (mãe e filha) como construtoras legítimas desta relação. E é preciso ser Brave (Valente) para isso acontecer. 

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