quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ser mãe

Ser mãe causa dependência. Ela dorme e quando você deveria ficar feliz por estar finalmente descansando após um dia exaustivo, ou por ter certeza de que fez a sua parte, seu coração é tomado por um vazio. Você quer mais. Mais cheiro. Mais barulhinhos. Mais sorrisos. Mais tudo. Agora você só sabe viver assim.

Ser mãe é não ter tempo para escrever. Mesmo o ato mais comum de meus dias há quase duas décadas agora se torna escasso. Tanta palavra jogada pela vida, no papel, no computador, na boca. E agora tudo se resume a ela. E nos primeiros dois meses não foi possível sentar e escrever. Sentar e escrever sobre como a vida é outra. Do avesso. Mil vezes melhor. Com mais sentido e porquês respondidos.

Ser mãe é estar à espera. De ela acordar, de dormir. De mamar, de fazer cocô. De se mexer, de agarrar o brinquedo, de sorrir. E a imaginação corre e toma conta de tudo em segundos. Estão lá os primeiros passos, o chamar “mamãe”, o brinquedo de encaixar, o pedido por mais histórias, a hora de buscar na escola, a ida ao cinema, o beijo de surpresa.

Ser mãe é voltar no tempo. É sentir o cheiro da mãe, lembrar do beijo no pescoço para fazer cócegas. Ouvir com lembrança doce as histórias, a música, os filmes na TV. Vem o brinquedo preferido, as primeiras palavras lidas, a companhia dos amigos. Tudo é seu. Tudo veio de algum lugar e agora continua. Um tempo que para às vezes. Me tira do corpo, me devolve a elas – mãe e filha. Sou um pouco do antes mas, acima de tudo, sou futuro nela em cada segundo vivido. Esta imagem maravilhosa é uma das belíssimas escultura de Sandra Guinle, chamada Maternidade

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