Quando eu era criança, era proibido abrir a janela de trás dos poucos carros quatro portas que em que eu circulava. Era perigoso. Mas era uma chance deliciosa e então eu apenas sonhava com ela.
Adoro janela. Ver as pessoas nas ruas, imaginar seus destinos, suas histórias. Por isso sempre preferi ônibus a metrô. O metrô não me deixa ver histórias.
Agora existe um recurso. Os vidros de trás dos quatro portas abrem somente até uma determinada altura. É proibida a olhada de uma criança mais do que aquilo.
Mas esta semana vi uma resistente.
Ela tinha uns quatro anos e estava lá, diante de sua limitação de janela.
Mesmo à noite, mesmo perigoso, mesmo com a violência, mesmo com aquele vento gelado, ela estava lá, de ponta de nariz na janela.
O vento vinha forte, ela fechava os olhos. Mas só por milésimos de segundos. Suas piscadelas não podiam impedi-la de ver as histórias.
Os pais, nos bancos da frente, também tinha suas janelas abertas. Mas estavam mais envolvidos com suas próprias histórias.
A menina queria mais. E viu.
post 0201
Há 10 anos
4 comentários:
Eu também adoro uma janelinha. A criança, em sua curiosidade mirabolante, sempre vai buscar o olhar, o enxergar de longe. Isso é lindo, mais do que lindo.
Beijinhos
Nossa, Cris, você me fez voltar no tempo e lembrar que da janela do carro,eu pequeninha e com o vento batendo gostoso na cara, eu literalmente viajava vendo imagens nas nuvens. Me fez um bem incrível ler isto, acredite.
Prabéns Cris!!!Muito bom!!!Aproveito para te convidar para um Meme!!!Bjs!!!
http://floraletras.blogspot.com/2008/12/meme-dos-8-desejos-e-8-amigos.html
Lindíssimo esta descrição, no meu escritório o que mais tem é janelas, quase 360o, as historias são do mato, mas eu me sinto num disco voador
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