Como praticamente nunca aconteceu, assisti com meses de
atraso ao mais recente filme da Pixar pela Disney. Isto, claro, por causa de
meus outros interesses, ocupações e tudo o mais de bom com a chegada da minha
primeira filha. E não apenas pelo meu trabalho na revista Crescer, mas por
vontade minha mesmo sempre aguardo ansiosa algo que venha da turma de John Lasseter.
Assim, Valente (Brave) chegou em meu repertório há alguns dias e adorei.
Havia muita expectativa com o filme tanto pela tecnologia
empregada, quanto pelo conteúdo ser focado em convívios de humanos – sem animais
ou brinquedos ou monstros falantes – e na história de uma heroína destemível.
Uma mulher. E eu estava, claro, nesta expectativa junto e li pouco sobre o
filme antes de vê-lo, para o impacto não perder a força. E foi ótimo. Me
envolvi nos cabelos ruivos e cacheados de Merida – que são um caso à parte
tamanha veracidade foram colocados em cada fio – e também adorei a forma que eles
conduziram a narrativa e, principalmente, a maneira de mexer com uma relação tão
cheia de tabus como os sentimentos que uma criança tem pela mãe. As histórias de hoje e de antigamente nos mostram conflitos de filhos e pais e achei
incrível como eles conseguiram concretizar essa vontade do filho/filha querer que
a mãe desapareça, mude, cale a boca de uma vez, sem perder a proteção que precisa
sentir. Ou seja: adorei a representação da mãe “rejeitada” se tornar um urso. Um
urso que não fala (assim não preciso mais ouvir sermões), desastrado com o seu corpão
(assim vejo que não somente eu posso errar e se atrapalhar), mas que não deixa
de me proteger, de estar presente com toda a sua força (e assim eu posso continuar
me sentindo segura).
Achei Valente de uma delicadeza sem fim porque conseguiram inspirar
uma reflexão de forma direta, sem fru fru algum (mesmo porque, Merida não é e
nem quer ser uma garota “fofinha”) e exibindo as duas partes (mãe e filha) como
construtoras legítimas desta relação. E é preciso ser Brave (Valente) para isso
acontecer.
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